Suicídio étnico
um fenômeno evitável entre crianças indígenas da Amazônia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.63162/v66n68e25570Palavras-chave:
Indígena, Amazônia , Saúde mental, Transtornos psiquiátricos, Suicídio, Etnia KarajáResumo
A população indígena é especialmente vulnerável a transtornos psiquiátricos e ao suicídio, como registrado em todo o planeta, em várias etnias e povos ancestrais. Apresentamos um relato de caso para ilustrar o fenômeno psicopatológico de uma depressão psicótica com comportamento suicida em uma criança indígena da etnia Karajá, registrando a possibilidade de intervenção médica com sucesso para se evitar o suicídio, apesar dos entraves proporcionados pelo governo brasileiro que dificulta o tratamento dessa população vulnerável e de risco, tornando claro a negligência de cuidados psiquiátricos às crianças indígenas brasileiras. Crianças indígenas
parecem especialmente vulneráveis a transtornos psiquiátricos e suicídio, mesmo estando culturalmente mais isolados que os adultos e com menor tempo de exposição à cultura não indígena. Essa grave situação e
problema de saúde pública indígena são ainda interpretados de forma romantizada, inadequada, e com forte viés sociológico, em detrimento das modernas abordagens sobre a saúde mental pautadas em Neurociências. Não permitir o acesso de crianças ao tratamento, independentemente ou por causa de sua etnia, sobretudo quando existe ameaça à vida, pode se revelar um crime perante as normas que regulam o tratamento humanitário que nossa civilização alcançou.
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