Mortalidade materna por covid-19 em uma unidade de referência de Goiânia - GO

Resumo

INTRODUÇÃO: O coronavírus SARS-CoV-2 impacta a sociedade desde o final de 2019 e o Brasil desde o início de 2020, provocando uma pandemia mundial. As mudanças fisiológicas ocorridas na gestação podem aumentar a gravidade das infecções respiratórias nessas pacientes, com aumento de complicações obstétricas e mortalidade. Por isso, gestantes e puérperas passaram a ser consideradas como grupo de risco, sendo necessário prevenção e manejo adequados.
OBJETIVOS: Avaliar os óbitos maternos por COVID-19 em uma unidade de referência em Goiânia - GO e traçar um perfil dessas pacientes.
METODOLOGIA: Estudo observacional, descritivo e transversal realizado no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara entre novembro de 2020 e dezembro de 2021, com análise de dados de gestantes internadas por COVID-19 que vieram a óbito.
RESULTADOS: Foram identificados 25 óbitos de gestantes por COVID-19, em um total de 908 pacientes internadas e 481 nascidos vivos na unidade. A taxa de mortalidade materna foi de 5,2 óbitos para cada 100 nascidos vivos. Metade das mulheres eram de Goiânia e a outra metade de cidades do interior de Goiás. Óbitos em mulheres de 20 a 29 anos corresponderam a 44% do total, assim como em mulheres de 30 a 39 anos, e 12% ocorreram em mulheres de 40 a 49 anos. Dos óbitos, 72% aconteceram em gestantes no terceiro trimestre, 16% no segundo trimestre, 4% no primeiro trimestre e 8% em puerpério. Comorbidades foram identificadas em 80% das pacientes; sendo que 68% tinham sobrepeso ou obesidade e 28% tinham doença hipertensiva. Dos partos, 80% foram cesarianas e 8% de partos vaginais induzidos, com 8% de óbito materno com feto intra-útero e 4% aborto espontâneo. Nascidos vivos corresponderam a 79% dos desfechos dos embriões ou fetos, 17% evoluiram com óbito fetal intra-útero e 4% aborto espontâneo. As complicações obstétricas foram relatadas em 48% das pacientes (oligoidrâmnio/sofrimento fetal, sangramento/placenta prévia, deiscência de ferida operatória e amniorrexe).
CONCLUSÃO: A taxa de mortalidade materna por COVID-19 no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara foi alarmante quando comparada aos óbitos pré-pandemia em Goiás. A maior prevalência de óbitos maternos ocorreu entre mulheres com 20 a 39 anos, com comorbidades como sobrepeso/obesidade e doença hipertensiva, no terceiro trimestre da gestação. A maioria evoluiu com parto cesáreo e fetos nascidos vivos, ocorrendo complicação obstétrica em cerca de metade dos casos.