Fonte : O Hoje –
Os repasses do governo federal destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) terão cortes de até 50% no próximo ano. Diante da situação que afetará a população que mais precisa de assistência, a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, juntamente com demais órgãos se uniram para uma marcha nacional contra a medida, marcada para o próximo dia 1º de dezembro, na abertura da 15ª Conferência Nacional de Saúde, em Brasília.
A mobilização foi discutida pelo secretário de saúde de Goiás, Leonardo Vilela na reunião de adesão à frente em defesa do SUS, no Ministério da Saúde, em Brasília (DF). Durante esse encontro, o secretário disse ao O HOJE que os deputados federais presentes garantiram solicitar ao congresso um remanejamento destes repasses. “Esse déficit de recursos se refletirá diretamente na queda de qualidade do atendimento à população, nas diferentes unidades e serviços oferecidos pelo SUS”, aponta.
Ele ponta o processo de subfinanciamento do SUS desde 2014 e que está cada vez mais grave. “O déficit orçamentário passou no ano passado de R$ 3,8 bilhões para R$ 5,9 bilhões em 2015, e a previsão para 2016 é de um corte que chega a R$ 16,6 bilhões a menos no orçamento geral”, alerta o secretário. “Essa redução cada vez maior é incompatível com o que desejamos. Por isso, manifestamos nossa preocupação com as crescentes ameaças que o SUS vem sofrendo e que, se concretizadas, levarão, em curto prazo, ao colapso da atenção a saúde a mais de 200 milhões de brasileiros”, acrescenta.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, divulgada este ano, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dois terços dos brasileiros dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em Goiás, a mobilização contra estes cortes já se inicia hoje, com a participação do secretario de Saúde no movimento Todos pela Saúde, juntamente com outros órgãos e associação da área da saúde, no auditório Mauro Borges, no Palácio Pedro Ludovico Teixeira. O objetivo, segundo ele, é organizar uma caravana de dez mil pessoas em Goiás para participar da marcha em Brasília.
Hospitais privados irão reduzir atendimento
A partir do dia 20 de novembro, os maiores hospitais privados de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis vão reduzir pela metade o atendimento pelo SUS. O anúncio chegou após a declaração do novo ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB-PI), que atrasará o repasse de recursos de 50% da verba para os hospitais e programas como o Farmácia Popular, que deveria ser pago até 10 de dezembro, para janeiro de 2016.
A redução vai atingir o Instituto de Neurologia de Goiânia e os Hospitais da Criança, Infantil de Campinas, Monte Sinai, São Francisco de Assis e Santa Genoveva (em Goiânia; Hospital Santa Mônica (Aparecida de Goiânia) e Hospital Evangélico de Anápolis (Anápolis) e afetar a oferta de leitos de Terapia Intensiva e a realização de serviços, como internações, transplantes e cirurgias eletivas em especialidades, como pediatria, cardiologia e neurologia.
Segundo o presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Haikal Helou, a redução do atendimento é necessária para assegurar a continuidade do funcionamento dos hospitais, que ao longo deste ano viram suas despesas aumentarem consideravelmente com a elevação de tarifas públicas. A Ahpaceg já notificou as Secretarias Estadual e Municipais de Saúde, o Ministério Público Estadual e Ministério Público de Anápolis sobre a redução do atendimento, mas segundo a assessoria de imprensa ainda não houve manifestação por parte dos órgãos.