Por Heitor Rosa – Médico
Li com indignação, em o Popular (27/8/13), a carta de quem se espera bom senso e caridade. E, ao contrário, li uma mensagem do padre Francisco Soares, um sacerdote a vilipendiar uma classe que só procura defender a saúde de seu povo.Como se o padre Francisco jamais precisou ou vai precisar de um profissional que ele considera apoiado num pedestal. O que é que tu fazes Francisco em Goianápolis, enquanto há tantos lugares sem padres e ou que não os vêm há muitos anos? Por que desfrutas do conforto da cidade razoável e não pedes ao teu superior para estares entre os silvícolas ou vilas que ainda não possuem nem uma ermida? Talvez possas ver por lá uma simples igreja da Assembleia de Deus.
Achas que a vinda de estrangeiros vem atender a uma urgência? Amigo, esta urgência existe antes de tu nasceres, e só agora, quando a juventude foi à rua, é que o governo apressou-se a remendar um problema que já deveria ter enxergado. Nada como uma eleição à vista!
Meu caro irmão, os médicos não estão num pedestal, pelo contrário, apoiam seus pés sobre a areia movediça da irresponsabilidade de um governo déspota. Muitos julgam entender os médicos ou a prática médica, sem que para isso tenham um mínimo de vivência ou conhecimento. Como exemplos temos um ministro da educação, economista, que julga entender de ensino médico; um ministro da saúde que possivelmente nunca viu um consultório ou atendeu em periferias; ambos abandonam o bom senso e as ponderações dos Conselhos de Medicina, para acompanhar uma autoritária presidente que de medicina só conhece o Hospital Sírio Libanez. E agora um padre nos julga e nos aconselha descer do pedestal…Dizes que com a vinda dos estrangeiros,
talvez os médicos brasileiros passem a trabalhar como profissionais que amam o Brasil. Como tu és injusto! Por acaso conheces o CRER ou HC-UFG, para citar dois exemplos? Olhe, sou católico declarado, mas lamento que tu te cales diante de tanta corrupção, da pedofilia, da impunidade e dê lições sobre coisas que não entendes, como por exemplo casamento ou medicina. Então, não te falta o bom senso para “Ne supra crepidam sutor iudicaret”? (Que o sapateiro não julgue mais que a sandália)? Se tu adoeceres, sê humilde e dê o exemplo: vá consultar com um dos médicos estrangeiros que tanto te sensibilizam ou então procura um CAIS bem equipado. Tenha fé. Tua fé te salvará (se tiveres, claro).