Avaliação de parâmetros do perfil cardiológico de pacientes submetidos a cirurgia ortopédica em hospital terciário de Goiás e análise dos fatores associados a complicações no perioperatório
DOI:
https://doi.org/10.63162/v66n67e25535Palavras-chave:
Assistência perioperatória, Risco, Fraturas do fêmur, Cardiologia, Indicadores de morbimortalidadeResumo
Introdução: A avaliação cardiovascular perioperatória objetiva identificar risco aumentado de complicações e ajustar medidas preventivas. Limitações físicas e a necessidade de uma abordagem rápida do paciente ortopédico restringem a estratificação. Objetivo: Avaliar a associação entre alterações eletrocardiográficas (ECG), laboratoriais, aumento de estruturas cardiovasculares em radiografia de tórax, tempo de internação e níveis elevados de morbidade e mortalidade. Métodos: Os pacientes foram submetidos a anamnese e exame físico detalhados. Foi determinado o perfil de risco através do Estudo Multicêntrico para Avaliação Perioperatória (EMAPO). Alterações eletrocardiográficas incluíram bloqueios, presença de onda Q patológica, QRS acima de 150ms, presença de fibrilação atrial e outras arritmias. A análise da radiografia de tórax determinou o índice cardiotorácico e a presença de alargamento do mediastino. Complicações no pós-operatório foram consideradas como morte intra-hospitalar ou tempo de internação superior a 7 dias e avaliadas através do Postoperative Morbidity Survey (POMS). Resultados: Incluídos 80 pacientes com idade média de 79 anos (54 a 100 anos) sendo 46 mulheres (57,5%). A taxa de mortalidade total foi de 11,2% (14 óbitos). Foi estatisticamente significativo, considerando a mortalidade, a presença de extrassístoles atriais e/ou ventriculares isoladas no ECG (p=0,000), a idade avançada (p = 0,001), a taxa de filtração glomerular reduzida (p = 0,002), o tempo de internação no período pós-operatório (P= 0,000), o EMAPO score com risco moderado a alto (P = 0,011) e o POMS score com envolvimento de sítios exceto descompensação cardíaca (P = 0,001). A taxa de mortalidade entre os operados foi de 8,7%, nenhum paciente foi a óbito no intraoperatório. Da totalidade dos pacientes, 48,8% tiveram descompensação no período perioperatório, sendo em sua maioria, infecção nosocomial. Conclusão: A estabilidade clínica do paciente e a celeridade na realização do procedimento cirúrgico estão relacionados a melhor desfecho. Distúrbios de condução no ECG, exceto bloqueio atrioventricular total, bem como alterações na área cardíaca e mediastino não foram associados a complicações e não sugerem necessidade de progressão na investigação para liberação cirúrgica.
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